Notícias

Instituto Redemar Brasil lança o Projeto Costamar e reforça a preservação do caranguejo-uçá e o protagonismo das comunidades costeiras no Amapá.

O Amapá deu início a uma nova fase de integração entre ciência, tradição e proteção ambiental. Na última sexta-feira (23), o Centro de Educação Profissional em Artes e Cultura Bi Trindade (CEPACBT), em Santana, recebeu o lançamento oficial do Projeto Costamar, uma iniciativa do Instituto Redemar Brasil, em parceria com a Petrobras Socioambiental e colônias de pescadores artesanais.

O evento foi aberto ao som dos tambores do Marabaixo, manifestação quilombola que simboliza a resistência e a ancestralidade afro-amapaense, dando o tom cultural à cerimônia. Participaram da mesa de abertura o secretário de pesca do Governo do Estado, lideranças da pesca, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Petrobras.

Com foco na sustentabilidade dos ecossistemas costeiros, o projeto tem como uma de suas principais frentes o monitoramento das andadas reprodutivas do caranguejo-uçá — espécie-chave dos manguezais e base econômica para milhares de famílias pescadoras na região Norte.

Durante o encontro, foi apresentado o aplicativo REMAR Cidadão, desenvolvido para facilitar o registro da presença do caranguejo-uçá em áreas de manguezal, mesmo sem acesso à internet. A tecnologia permitirá mapear com mais precisão os períodos reprodutivos da espécie, oferecendo dados concretos para embasar políticas públicas e garantir defesos mais eficazes e regionalizados.

“Queremos entender se o período das andadas no Amapá coincide com o que ocorre no restante do país. Nossa hipótese é que aconteçam mais no meio do ano. Mas é o monitoramento ao longo desses três anos de projeto que vai nos dar essa resposta. Isso vai nos permitir propor leis que garantam tanto a conservação da espécie quanto segurança econômica ao caranguejeiro, evitando a coleta ilegal”, explicou Thiago Couto, biólogo do Instituto Redemar.

Além do componente ambiental, o Projeto Costamar inclui ações de capacitação e infraestrutura voltadas às comunidades costeiras, como cursos de manutenção de motores de embarcações e instalação de biodigestores, contribuindo para a redução de custos operacionais e melhoria do saneamento básico.

O projeto também promoverá rodas de conversa, oficinas e fóruns, fomentando o diálogo entre ciência e saberes tradicionais. Entre os temas em destaque estão a segurança alimentar, a valorização das populações tradicionais, a proteção de espécies nativas e a inclusão digital em áreas de baixa conectividade.

“Esse projeto foi pensado para o povo amapaense. Sempre reforçamos que ele não é mais só da Redemar. É um projeto do Amapá, construído junto com a comunidade, com o pescador, com a ciência que já é desenvolvida aqui. Nossa missão é reunir todos em prol da proteção ambiental”, destacou William Freitas, presidente do Instituto Redemar.

A cerimônia foi encerrada com mais uma apresentação dos tambores do Marabaixo, selando o compromisso entre cultura e conservação ambiental — um símbolo da aliança entre os saberes tradicionais do Amapá e a ciência aplicada à gestão socioambiental.

Compartilhar:

Outras Notícias